sexta-feira, 16 de junho de 2017

72° dia - Três sóis


Teresópolis, 16 de junho de 2017

Hoje foi dia de arteterapia com Vanda. 
Levei à terapia minha preocupação com a saúde delicada de tia Arethusa, e o sentimento de tristeza com a proximidade da passagem dela e de minha mãe. Tenho chorado muito. Um choro saudoso sem motivo específico. Sinto necessidade de chorar a dor da perda que ainda não aconteceu! E a memória passeia por sensações do passado. O sentimento predominante é de gratidão. Choro por gratidão.
Cada vez mais associo minhas vivências arteterapêuticas com mamãe. Arquétipo materno constelado.
A impressão que tenho é de estar morrendo junto com elas, e que irei renascer em outra vida.
Duas mulheres muito importantes para mim. Mamãe esteve sempre ao meu lado nos piores e melhores momentos de minha vida. Tia Arethusa também! Seu apoio foi fundamental e determinou o curso de minha vida em diversas fases. Desde a infância de minhas filhas até minha vida adulta. Hoje sou sua curadora, responsável pelo seu bem estar. Ela é minha filha de 94 anos.
No início foi bem difícil aceitar e compreender o porquê de eu ter recebido essa responsabilidade. Durante o tempo em que estou sua curadora recebi todo tipo de ajuda. Tudo fluiu com naturalidade, inclusive sua ótima saúde tem colaborado para isso, pois aos 94 anos ela tem marcadores de sangue de uma menina de 18. Até seus acessos relacionados à bipolaridade e ao transtorno obsessivo compulsivo foram controlados com o uso de medicação psiquiátrica, tratamento viabilizado após a curatela.
Sou grata por essa missão que me mostrou facetas de minha personalidade até então desconhecidas para mim. 
Voltando à terapia, contei a Vanda minha vivência da solidão no curso de formação, quando entrei na pele de um Condor. Ao final a ave foi ao encontro do Sol do Oeste, o Sol da Grande Mãe, um retorno que associei com o ocaso de minha mãe.
Vanda sugeriu que eu desenhasse três sóis com aquarela. O Sol nascente, o Sol do meio dia e o Sol poente, que eu chamei de Sol da Grande Mãe.
À direita desenhei o Sol nascente vindo do leste, amarelo, lindo, levando vida à uma árvore logo abaixo.
No centro o Sol causticante do meio dia. As flores abaixo desse Sol são vermelhas. É o Sol do momento presente. Fervilhante.
À esquerda o Sol poente. Sol que se põe mas derrama energia amorosa na terra. O Sol da mãe.
Os três sóis no mesmo nível representam minha consciência. Passado, presente e futuro têm o mesmo peso nesse momento.
Vanda sugeriu que eu observasse o ciclo solar. Perceber como me sinto a cada um desses momentos, e que mesmo com a "morte" do sol poente, no dia seguinte ele retornará brilhante do leste.
A natureza segue seu curso com o ciclo de vida e morte.

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