Oficina de Abayomi com Valéria Barreto e Denise Maya.
Antes de iniciarmos as atividades Denise Maya ofereceu às participantes adereços femininos como lenços, saias e panos que estavam dispostos em araras para o nosso deleite e uso.
Fui à caráter, vestida numa saia longa com apliques de mulheres africanas.
Valéria Barreto, com sua simpatia e tranquilidade habituais, nos contou a história das Abayomis.
As bonecas eram confeccionadas por mulheres africanas a bordo dos navios negreiros rumo ao cativeiro. Para acalentar seus filhos e sem nenhum recurso senão suas próprias vestes as rasgavam e, com os retalhos, faziam as bonecas, sem linha e agulha. Com hábeis nós formavam a cabeça, o tronco e os membros.
Denise Maya sempre solícita e muito gentil auxiliava as participantes na entrega dos materiais.
Primeiro recebemos um pedaço de malha preta em formato retangular. Numa das pontas do retângulo fizemos a cabeça e com o restante do tecido formamos, com sucessivos nós, um tronco firme.
A cabeça da boneca foi preenchida com plumante e um pouco de alecrim, erva de poderes medicinais e energéticos.
Em seguida pegamos tiras para formar os braços e pernas.
Por último escolhemos tecidos, rendas e outros pequenos adereços para formar as roupas, turbantes, colares etc.
Tive facilidade em construir minha boneca. Seu tronco ficou bem firme, entretanto sua perna esquerda estava mais mole que a direita. Refiz essa perna umas três vezes para então concluir que a perna da Abayomi retratava minha perna mais curta, e as dores que tenho sentido.
A partir dessa constatação firmei ao máximo a perna mole e finalizei a boneca.
Como parte do meu processo de cura comprei malha preta para trabalhar outra Abayomi e firmar suas duas pernas.
Essas bonecas tornaram-se símbolo de resistência.
Abayomi significa encontro precioso.
Precioso mesmo foi esse encontro de mulheres que numa tarde de sábado transformaram retalhos em bonecas cheias de histórias e sonhos.
Foi um momento mágico de entrega e energia criativa.
Eu e Manika com nossas Abayomis
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