terça-feira, 31 de outubro de 2017

104° dia - Cinema & Alquimia - A jornada heróica de Daigo Kobayashi


Teresópolis, 31 de outubro de 2017.

Aluna do curso de Formação em Arteterapia do Ateliê Claudia Brasil em Teresópolis, recebi a tarefa de fazer a interpretação simbólica de um filme fazendo um paralelo com a teoria junguiana e os ensinamentos da Arteterapia.

Dentre os títulos a serem escolhidos estava A partida (Okuribito), filme que assisti em 2009 e muito me impactou por tratar, com extrema delicadeza e profundidade, o difícil tema da morte. Senti-me imediatamente atraída a aceitar o desafio e rever o filme à luz dos ensinamentos junguianos. Ciente de que a película foi objeto de inúmeras e excelentes resenhas tranquilizei-me com as palavras do mestre:


“Um conceito ou uma imagem são simbólicos quando significam mais que aquilo que designam ou expressam. Eles possuem um aspecto 'inconsciente' abrangente, que jamais pode ser definido exatamente ou que jamais se esgota numa explicação” (Jung) Kast p.60
A medida em que revi a película na tela do meu computador novas conexões surgiram na minha tela mental. Vislumbrei na narrativa de Daigo Kobayashi a jornada do herói em busca do Lapis Philosophorum, a pedra filosofal, resultado alquímico comparado por Jung ao processo de individuação.
"Cedo percebi que a psicologia analítica coincidia de modo bastante singular a alquimia. As experiências dos alqimistas eram, num certo sentido, as minhas próprias experiências, assim como seu mundo era meu mundo. Foi, com efeito, uma descoberta marcante: eu encontrara a contraparte histórica da minha psicologia do inconsciente." (Jung) Edinger pg.21
Início da jornada

Daigo Kobayashi é um jovem violoncelista que acaba de adquirir um violoncelo profissional, mas com a dissolução de sua orquestra o vende e decide voltar à sua cidade natal, Yamagata, iniciando a narrativa da transformação de sua alma.


Na jornada do herói em geral um sacrifício é exigido. O personagem é instado a abandonar velhos hábitos/costumes e partir para a “nova vida”. Simbolicamente o ato sacrifical que determinou a decisão de Daigo em mudar sua biografia se dá com a entrega do violoncelo, instrumento que o acompanha desde a infância. Sobre essa entrega o protagonista nos revela:

"Pensei que aquele seria o momento mais crucial da minha vida, mas por alguma razão me senti aliviado no instante em que me desfiz do violoncelo, como se subitamente eu me liberasse de uma grande obrigação"."O que acreditei ser meu sonho, provavelmente não era meu verdadeiro sonho".
Após comunicar à sua esposa Mika a dispendiosa compra do violoncelo profissional e a dissolução da orquestra, a mulher retira-se para preparar o jantar e grita ao perceber que o polvo que trouxera está vivo. Daigo o devolve para o mar e fica impactado ao perceber que o animal não sobreviveu. A cena referencia a dualidade vida X morte que vai nortear a jornada do protagonista.

Caminho de provas


Em Yamagata Daigo procura emprego e atende a um curioso anúncio da agência NK para uma atividade que "auxilia nas jornadas". Pensando tratar-se de um trabalho ligado ao turismo segue animado para a agência. O dono, Sr Sasaki, oferece-lhe uma excelente remuneração para o trabalho de agente responsável pelo Noukan, ritual japonês de acondicionamento dos mortos.


Daigo aceita a oferta superando o preconceito de um trabalho visto como pouco honroso e inicia sua jornada.



O primeiro dia foi desesperador pois foram chamados para cuidar do corpo de um cadáver em avançado estado de putrefação. De volta à casa e guardando segredo sobre a natureza de seu trabalho ele reflete:


"Em que exatamente estou sendo testado?
Será uma punição por não ter assistido minha mãe morrer?"
“O que vai acontecer comigo?
Pensar nessas coisas lhe dá vontade de tocar violoncelo e ele pega seu pequeno instrumento de infância. Dentro da capa encontra uma misteriosa pedra envolta num jornal. Uma pedra disforme e escura.

Daigo revisita seu passado ao tocar a música preferida do pai. Revive a dor do abandono sofrido aos seis anos de idade quando ele saiu de casa e nunca mais retornou. O rosto do pai aparece totalmente desfocado.

Em outra cena o protagonista uma vez mais observa a dualidade vida e morte na luta de salmões nadando contra a correnteza e questiona:
“Porque lutar tanto se vão morrer de qualquer jeito?”
Nesse momento de introspecção o chefe surge e Daigo lhe pergunta se foi coincidência ele passar por ali exatamente naquele momento. O Sr Sasaki diz que foi o “destino" e acrescenta:
"Seu trabalho é um presente divino"
Coagulatio com fugu

A trama segue e inevitavelmente Mika descobre o verdadeiro trabalho do marido. Decepcionada e envergonhada ela sai de casa.


A medida em que os ritos vão sucedendo Daigo sente-se cada vez mais pressionado a abandonar o trabalho. No funeral de uma criança ocorre uma grande briga. O pai da criança acusa um rapaz pela morte da filha e afirma que nem que ele fizesse o trabalho de Daigo pelo resto de sua vida pagaria a dívida para com ele.


Sentindo-se desanimado com mais essa vivência de preconceito Daigo vai à agência para demitir-se, mas o Sr Sasaki o convida para subir em seu pequeno cômodo e comer com ele. Conta-lhe um pouco de sua história. Seu primeiro Noukan foi com a esposa falecida há nove anos. Desde então ele segue fazendo esse trabalho.



Come uma glândula de baiacu e faz uma analogia:

“Os vivos comem os vivos para viver.
Se não quer morrer é preciso comer, e se tem que comer que seja algo saboroso” 
O baiacu ou fugu é um peixe venenoso e seu preparo foi durante muito tempo proibido no Japão. O peixe deve ser preparado com o máximo cuidado retirando-se do seu fígado a tetrodotoxina, veneno que causa morte por paralisia, insuficiência respiratória e falência circulatória. Comer a deliciosa iguaria do fugu significa arriscar-se a perder a vida.


Daigo come a glândula do peixe. Assimila simbolicamente a relação vida/morte que o tem intrigado. Coagulatio.

“Em termos essenciais, a coagulatio é o processo que transforma as coisas em terra. Terra é por conseguinte , um dos sinônimos da coagulatio,” Edinger p.101.
“Em alguns casos, o alimento a ser ingerido simboliza claramente a necessidade de assimilar uma relação com o Si-mesmo.” Edinger p.129


Daigo Psychopompós e Philántropos

“Como deus Psychocopompós, Hermes conduz as almas para o mundo dos mortos, assim como traz de volta para a vida mitos heróis e deuses que estavam presos no Hades. Como deus Philántropos, Hermes se define como amigo dos homens, o deus que acompanha e guia os mortos em caminhos desconhecidos e em perigosos limiares.”
Eyler e Fernandes p. 14.
O primeiro ritual de Daigo como agente do nokanshi (agente funerário), cujo início é demonstrado no plano de abertura do filme, é de uma bela moça provavelmente suicida. Cuidadosamente ele retira o quimono ritualístico para não expor o corpo nu. Cobre-o e inicia a limpeza com água e um pano limpo simbolizando a eliminação do cansaço do mundo, da dor, do desejo e a preparação para um novo nascimento.



Durante a limpeza Daigo descobre que o corpo é de um rapaz, o que é confirmado pelo seu chefe. Discretamente o Sr Sasaki dirige-se a um dos presentes e explica que o corpo será maquiado e precisa saber se desejam uma maquiagem feminina ou masculina. A mãe do morto pede que o filho seja maquiado como mulher.



A atuação de Daigo nos remete ao deus Hermes Psychopompós e Philántropos, um guia entre os vivos e os mortos sensível à dor humana. A delicadeza do rito com seus gestos solenes e cheios de afeto envolve os parentes do morto numa aura de paz e tranquilidade permitindo que vivenciem a perda do ente querido sob um outro olhar, internalizando e dissolvendo velhos conflitos.

Ao final do rito o pai do rapaz morto agradece e diz que durante muito tempo não conseguiu falar com o filho quando este vestia-se de mulher, mas ao ver o cuidado com que Daigo preparou o corpo conseguiu enxergar novamente o filho Tomeo, mesmo este parecendo uma moça.

“Eu sou tão agradecido a você”, diz o pai ajoelhado num choro convulsivo.
Sublimatio e a cura da criança interior


A história prossegue e nosso herói está cada vez mais confiante e solene com seu trabalho. Com seu violoncelo de criança senta-se ao ar livre, em verdes e belos campos, e toca o instrumento. A música tema de Okuribito é sublime e transmite o êxtase do protagonista . O ar vibrando nas cordas do instrumento representa a Sublimatio. Compreensão.



Através da música Daigo amplia suas percepções e cura sua criança ferida.

“Se o plexo solar e o plexo cardíaco são centros psíquicos rudimentares, poder-se-á admitir que no curso da primeira infância traços mnêmicos de forte carga afetiva aí se acumulem. Será difícil, através do instrumento verbal, mobilizar esses afetos tão profundamente depositados e trazê-los à consciência.
O mais simples e o mais eficaz será seguir o declive que a espécie humana sulcou durante milênios para exprimi-los: a dança, as representações mímicas, a pintura, a escultura, a música.”
Silveira, p 17
Despertar de Mika e Yamashita pela água e pelo fogo.


Mika retorna e conta ao marido que está grávida. Pede que ele abandone o trabalho. O diálogo é interrompido quando Daigo atende um telefonema e é informado da morte da Sra Tsuyako, dona da Casa de Banhos. O casal segue para o local onde será realizado o rito funerário.

Com o consentimento do Sr Sasaki e dos presentes Daigo inicia o ritual. Mika surpreende-se com a solenidade do Noukan. 

Daigo solicita a cada participante que umedeça o rosto da falecida e ofereça seu último adeus. Solutio. Purificação. Renascimento. A esposa finalmente compreende a importância e grandeza do trabalho do marido.
"A operação solutio é um dos principais procedimentos da alquimia. ... Considerava-se a água como o útero e a solutio como um retorno ao útero para fins de renascimento." Edinger p.67
" Um alquimista definiu a solutio da seguinte maneira: A solução é a ação de todo corpo que, graças a certas leis de simpatia inata, incorpora algo de classe inferior à sua própria essência. Entendida em termos psicológicos, tal definição afirma que o agente da dissolução será um ponto de vista superior, mais abrangente - capaz de atuar como recipiente para a coisa inferior." Edinger p. 75
Yamashita, filho da falecida assiste atônito a todo ritual. Ele próprio havia ofendido Daigo ao saber do boato sobre o seu trabalho. Após o preparo, o corpo da Sra Tsuyako é colocado no caixão para ser velado e em seguida cremado. No momento em que o corpo da mãe é incinerado o filho internaliza sua morte e reconhece seus erros pedindo-lhe perdão. Arrependimento. Calcinatio.
" ... a calcinatio deriva parcilamente de um procedimento químico. O processo químico da calcinação envolve o intenso aquecimento de um sólido, destinado a retirar dele a água e os demais elementos passíveis de volatização." Edinger p. 37
"O produto final da calcinatio é uma cinza branca. Isso corresponde ao chamado 'xisto branco' de muitos textos alquímicos. Representa a albedo ou fase de embranquecimento, que admite associações paradoxais. De um lado as cinzas significam despespero, pranto ou arrependimento." Edinger p.59
"Da perscpectiva mais simples, a calcinatio é um processo de secagem.
O fogo ou intensidade emocional necessária para esta operação parece residir no próprio complexo, tornando-se atuante tão logo o paciente tenta tornar o complexo consciente mediante o compartilhamento com outra pessoa. O afeto liberado torna-se o fogo capaz de secar o complexo e purificá-lo de sua contaminação inconsciente."
Edinger p.61
Carta de pedra - amor e ancestralidade

Passeando com a Mika à beira de um riacho Daigo pega uma pequena pedra no chão. Entrega-a à esposa dizendo que é uma 'carta de pedra' :

“ Muito antigamente antes dos humanos inventarem a escrita, eles buscavam uma pedra que representasse seus sentimentos e a dava a outra pessoa. Quem recebia a pedra percebia o que o outro sentia pelo peso e textura. Por exemplo a textura lisa significava uma índole pacífica, e a rugosa uma preocupação com os outros.”
Mika pergunta quem lhe contou a história e o marido responde:
"Foi um velho homem.
Vamos nos dar pedras todos os anos, ele disse.
Apesar que aquela foi a única que ele me deu".
Mortificatio e a apoteose do herói
"A mortificatio é a mais negativa operação da alquimia. Está vinculada ao negrume, à derrota, à tortura, à mutilação, à morte e ao apodrecimento. Todavia, essas imagens sombrias com freqüência levam a imagens altamente positivas - crescimento, ressurreição, renascimento." Edinger p. 166
Daigo é informado da morte do pai. Reluta em receber o corpo, mas é convencido pela Sra Yuriko, secretária da agência, que lhe confidencia que ela também abandonou sua família para seguir uma paixão. Mika vai até a agência encontrar-se com o marido.


O casal parte para a cidadezinha portuária onde o Sr. Yoshiki Kobayashi viveu seus últimos anos. São recebidos por um homem da associação de pescadores que os leva até o barracão onde o falecido vivia com extrema simplicidade. Eles aguardam a chegada dos agentes funerários. Daigo retira o pano que cobre o rosto do pai e não o reconhece.


Os funcionários da funerária chegam e iniciam o transporte do corpo para o caixão com frieza e impessoalidade. Daigo os interrompe. Mika explica que esse é o trabalho do marido. Daigo inicia o rito.


Ao pegar aos mãos do pai para colocá-las em posição de prece encontra certa dificuldade pois uma das mãos está fechada. Ao abri-la uma pequena pedra cai. Surpreso entrega-a a Mika e continua o trabalho. Com gaze assenta a musculatura do rosto e o barbeia. Inicia a limpeza e purificação com água.


Nosso herói Psycopompós é agora seu próprio guia. O sal da terra verte-se em suas lágrimas conferindo-lhe a clara visão. Solutio.

"O sal simboliza, basicamente, Eros, aparecendo sob dois aspectos, como amargor ou como sabedoria. Escreve Jung: Lágrimas, sofrimento e decepção são amargos, mas a sabedoria é o consolo de qualquer dor física. Na verdade amargor e sabedoria formam um par de alternativas: onde há amargor, falta sabedoria e onde há sabedoria não pode haver amargor. " Edinger p. 61
Volta ao tempo de infância e finalmente reconhece seu pai.
“Ele é meu pai” - sussurra entre lágrimas.
Mika abre a mão e mostra a Daigo a pedra recém encontrada com seu pai. Num gesto cheio de lirismo Daigo envolve as mãos da esposa e a pousa sobre seu ventre, simbolizando a transmissão do amor ancestral ao seu futuro filho.

A pedra negra e disforme de Daigo é substituída por uma pedra branca, lisa como a Lua. Amor livre de mágoa e culpa.

Daigo morre e renasce no aprendizado como agente funerário. Encontra seu cálice. Sua pedra sagrada. A obra se completa.




Ficha técnica do filme

Título: A partida (Okuribito)

País: Japão

Elenco: Masahiro Motoki, Tsutomu Yamazaki, Ryoko Hirosue, Kazuko Yoshyuki, Kimiko Yo, Takashi Sasano.

Direção: Yôjirô Takita

Roteiro: Kundô Koyama

Ano: 2008

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

103° dia - Joia interna

Teresópolis, 30 de outubro de 2017.


Hoje o processo terapêutico foi bem interessante. Vanda trouxe a frase "Tratar a mim mesma como algo precioso me fortalecerá" como proposta de um trabalho expressivo, e também como uma atitude a ser trabalhada durante a semana.

Tratar a mim mesma como algo precioso me fortalecerá. Tratar-me respeitosamente. Ver a mim mesma como uma parte de Deus em ação. Joia interna. Parte de Deus. Self em brilho e harmonia.

Com esse pensamento em mente fiz o trabalho expressivo e coloquei no centro uma joia reluzente. Símbolo do meu Eu profundo. Em torno da joia folhas verdes ornamentam e anunciam vida. Em torno um círculo de água. Sentimentos em movimento. Coroando a expansão da joia central desenhei um círculo de fogo. Intuição.

Embaixo do desenho mais água. Mar em movimento. Uma ave mergulha no mar. Em seu mergulho metamorfoseia-se num peixe. O que ela busca? Pelo meu momento terapêutico compreendo que busca a harmonia entre o pensar e o sentir.


Os quatro elementos foram representados. Terra nas folhagens. Água no círculo e no mar. Fogo no círculo. Ar na ave que mergulha.



sábado, 21 de outubro de 2017

102° dia - Alquimia e arteterapia

Teresópolis, 21 de outubro de 2017.


O módulo de alquimia e arteterapia foi ministrado por Silvia Rocha, no dia 20 a noite, e no sábado dia 21 pela professora convidada Cláudia Cardoso.


Os estudos alquímicos estão muito presentes na obra de Jung que compreendeu sua relação com o processo de individuação.

Exotericamente a Alquimia é a busca de transformação de metais pesados, como o chumbo, em ouro e prata. Esotericamente relaciona-se à transformação espiritual do homem.

Silvia fez slides que estão disponibilizados no site da Claudia Brasil. Apresentou-nos a obra de Edgard Edinger e dissertou sobre a calcinatio, solutio, coagulatio e sublimatio. 

No dia seguinte a Prof Cláudia Cardoso deu continuidade ao módulo com Alquimia e espiritualidade. Dividiu sua aula entre o conteúdo programático e vivências intercaladas com explicações sobre cada etapa do processo.

Na parte da manhã, após a apresentação de slides, a profa Cláudia fez uma meditação dirigida bem profunda para contato com o eu interior. Em seguida distribuiu massa de biscuit para que fizéssemos uma modelagem. 

Na minha meditação vi um pinguim. Modelei-o com coração e estrela na cabeça simbolizando a conciliação do sentimento com o pensamento. O pinguim interage nos dois campos num fluxo amoroso.


Na parte da tarde fizemos vivências com as cores e sua relação com os processos alquímicos. Nessa vivência experimentamos dois tipos de tinta com a mesma coloração, para percebermos a diferença entre a tinta mais densa e a mais aguada.

Iniciamos com o preto. Nigredo. A descida no inconsciente. Em seguida experimentamos o azul. Outras sensações vieram à tona. Surgiu um olho na cobra.


Depois colocamos o amarelo. Citrinitas. Amarelecimento. Envelhecimento. Depois usamos o roxo. Outras formas surgiram.


O trabalho culminou com o vermelho. Rubedo. Consciência com ação. E assim chegamos a cauda pavonis.

Ao trabalhar o rubedo imagens escondidas vieram à tona. O perfil de um ser demoníaco, iniciado com o roxo, tornou-se visível com o vermelho.  O corpo da serpente ganhou pintas vermelhas e um grande Sol surgiu. 

Ao finalizar o trabalho me dei conta que tudo se passa em baixo d'água e a cobra está num movimento ascendente, saindo desse mar de inconsciência. Foi um trabalho muito bacana que me mobilizou profundamente.








segunda-feira, 16 de outubro de 2017

101° dia - Trabalhando o foco

Teresópolis, 16 de outubro de 2017


Hoje foi dia de trabalhar o foco com a Arteterapia. Vanda trouxe pequenos papéis de 12 X 9 cm para que eu fizesse, livremente, desenhos sobre eventos que quero dar foco.

Esse é um trabalho bem bacana para levar aos clientes, bem como para praticar consigo mesmo dando consistência aos projetos de vida. 



sábado, 14 de outubro de 2017

100° dia - Abayomi derviche

Teresópolis, 14 de outubro de 2017

Hoje foi dia de fazer um treinamento com as bonecas Abayomis. 
Eu e Adalgisa, minha pareceira de estágio, pretendemos levar essa técnica para uma vivência arteterapêutica com as professoras da  escola municipal João Adolfo Josetti. 

Ao terminar minha boneca surpreendi-me com seu aspecto. Ficou igual a um dançarino derviche.

"A origem dos Derviches se mistura com a história do Sufismo, uma corrente mística dentro da tradição do Islã. Existem a pelo menos 700 anos e nasceram a partir da existência de um ser iluminado chamado Mevlana Celadeddin-i Rumi ou Jalaleddin Rumi, também conhecido como Mevlana (O Mestre) (30 setembro 1207- 17 Dezembro 1273).
Rumi nasceu na costa oriental do Império Persa na cidade de Balkh (hoje o Afeganistão) e finalmente se estabeleceu na cidade de Konya, hoje Turquia.
Rumi como é conhecido popularmente, era um muçulmano não ortodoxo. Místico e poeta, um ser que alcançou um estado de perfeição humana, de elevação espiritual. Tolerância ilimitada, bondade, caridade e a consciência através do amor eram seus ensinamentos.
Filho de um rígido estudioso, Rumi seguiu pelo caminho do pai e encontrou nos estudos uma fonte inesgotável de saber. Demonstrou desde cedo ser um ser original com suas próprias idéias e pensamentos. Após anos de estudo constatou-se desiludido com o modo como percebia Deus segundo seus mestres e a tradição da religião.
Rumi ansiava por mais, por algo que superasse os ensinamentos que rezava a tradição. Diz a lenda que foi quando encontrou ao acaso um errante pelas ruas, um ser místico chamado Shams de Tabriz. Imediatamente nasceu um forte relacionamento entre os dois que se diziam almas gêmeas no plano espiritual. Shams era um ser não ortodoxo por excelência, vivo e pulsante. O encontro com Shams provocou um estado de elevação espiritual em Rumi transformando-o verdadeiramente em um místico. Nesse momento ele troca a vida intelectual pela espiritualidade. A sintonia entre os dois era tão forte que chegou a provocar discórdias entre alguns de seus seguidores. A história acaba em tragédia, com o assassinato de Shams. Desolado e em luto profundo, Rumi experimenta uma nova revelação espiritual. 
Rumi dizia que devemos quebrar nossos condicionamentos sejam eles de qualquer ordem. Na verdade ele estava além, muito além de seu tempo, de sua cultura e sociedade apesar de se posicionar no contexto da conservadora cultura e religião Islâmica. A essência de sua poesia é o encontro com o divino.

Seus pensamentos atravessaram os séculos e ainda hoje se perpetuam através da Ordem Mevlevi, formada pelos Derviches Rodopiantes (Whirling Dervixes). 
Sua prática consiste num ritual místico (Sema) em que os Derviches giram sobre si mesmos e em círculos. A dança é acompanhada por músicos que tocam instrumentos especiais e cantam musicas apropriadas. Cada parte do ritual tem um significado simbólico: as roupas, os chapéus, o manto, a saia branca, as cores, o movimento. Simbolicamente representa uma jornada mística da ascensão espiritual do homem através da mente e do amor até Deus. Abandono do ego, encontro da verdade e o crescimento através do amor.Segundo os Dervixes o movimento de rotação provoca uma espécie de êxtase. Sua crença baseia-se no movimento rotacional dos elementos essenciais da natureza (átomos, prótons, etc.) todos os elementos da natureza giram intermitentemente. O ritual envolve os três elementos da natureza humana: a mente (conhecimento), o coração (sentimentos, música, poesia) e o corpo (através dos giros do corpo, ativando a pulsão da vida) espiritual."
 Copiado de http://artepensando.blogspot.com.br/2011/09/dervishes-rodopiantes-istambul.html

Assista um ritual completo em https://www.youtube.com/watch?v=g7QtM79pBs4&feature=youtu.be

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

99° dia - Trabalhando o chakra da comunicação

Teresópolis, 13 de outubro de 2017


Na sessão de terapia com Vanda trabalhamos o chakra da comunicação, a  partir da pintura da índia mapuche  Kintukewun.

Na pintura da índia coloquei uma joia cor de rosa no local do chakra da comunicação, cuja cor de acordo com os ensinamentos budistas é azul. O rosa (ou verde) corresponde ao chakra cardíaco. Seu deslocamento para o quinto chakra sugere uma comunicação emotiva, que passa pelo coração.

O trabalho expressivo foi a construção de uma mandala, colada num círculo que foi previamente entregue, com recortes de revista na cor rosa.

No centro da mandala coloquei a imagem recortada de uma rosa, que me afigurou uma vagina. A vagina no centro da mandala simboliza a energia do chakra base subindo para o local da fala. A necessidade de expressão é tão grande que talvez por isso tenha havido essa representação.

Dois recortes de uma flor lembraram-me cílios. Resolvi então fazer dois olhos representando a visão, a vontade de compreender os processos. 


quinta-feira, 5 de outubro de 2017

98° dia - Kintukewun

Teresópolis, 3 de outubro de 2017


Hoje na aula de desenho e pintura com Adriana Amaral dei continuidade ao trabalho de pintura em madeira iniciado na semana anterior. O trabalho foi concluído em casa.
Fiz uma pesquisa de indumentárias e joias usadas por sacerdotisas mapuches e dei vida a Kintukewun, sacerdotisa dotada de sabedoria, machi e conselheira, conhecedora das ervas e da alma humana, Kintukewun percorreu o caminho da individuação sob a égide do Amor.